Será que os jogos violentos são realmente capazes de tornar as crianças violentas?
Além dos games, os quadrinhos e a até a televisão já foram considerados motivadores de comportamentos agressivos. Entenda!
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A repetição é uma ferramenta muito importante para a assimilação do aprendizado. Não é de se surpreender que as crianças aprendam certos comportamentos emulando o que observam, seja na vida real, TV e (por que não?) nos games.
Mas, quando o assunto são games, será que jogos violentos podem estimular a violência nas crianças? Em outras palavras, crianças que estão imersas nas narrativas agressivas dos jogos são condicionadas a condutas violentas?
Se quer saber as respostas dessas questões, então continue a leitura, porque iremos desvendar se de fato os games violentos podem influenciar condutas igualmente violentas nos jogadores. Além disso, demonstraremos quais cuidados os pais precisam ter nestas situações.
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De quadrinhos a games: como estes conteúdos podem incitar a violência nas crianças?
A ideia de que certos tipos de conteúdo podem deixar as crianças mais agressivas não é uma novidade. De acordo com Fredric Wertham, um psiquiatra alemão, os quadrinhos poderiam corromper a juventude.
Embasado na ideia de que a maioria dos delinquentes de NY liam quadrinhos, Wertham fez ferrenhas críticas contra este tipo de literatura, acusando-a de ser violenta e carregada de perversões sexuais. As críticas contra os quadrinhos feitas pelo homem que queria matar o Batman foram publicadas no livro Seduction of the Innocent em 1954.
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Em vista disso, a indústria de quadrinhos americana criou o Comics Code Authority, uma certificação que assegurava que os conteúdos em quadrinhos não possuíam palavras de violência e com a garantia de que o vilão e suas ações seriam punidos.
Aos poucos, a televisão passou a ser a tecnologia responsável por incitar as violências nas crianças. E assim, tal ideia começou a se embasar em uma série de experimentos. Por exemplo, os estudos de Albert Bandura mostraram que a exposição de crianças a um comportamento agressivo poderia induzi-las a imitar este mesmo comportamento.
Esta mesma linha de raciocínio recaiu nos games. Ora, Bully, Counter-Strike e Mortal Kombat já foram proibidos no Brasil devido à alta violência. E para ancorar esta ideia de que jogos violentos e subversivos podem aumentar a violência nas crianças existem diferentes estudos na área, como o de Craig Anderson.
Para o psicólogo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Iowa, os games violentos são mais danosos do que filmes de mesmo conteúdo. Isso porque os jogos são interativos, o que faz com que o player interaja com o personagem e veja a violência da vida real com certa normalidade, processo este denominado de dessensibilização.
Os games realmente podem deixar as crianças mais violentas?
Devemos entender que os estudos sobre a premissa dos jogos violentos tornarem as crianças violentas são inconclusivos.
Desse modo, já existem pesquisas que caminham para argumentar que os games violentos podem diminuir a violência dos jogadores na vida real quando pensamos em uma motivação mais ética – matar zumbis para proteger seus amigos, por exemplo.
Outro ponto é que não sabemos ao certo se os jogos violentos tornam crianças mais violentas, ou se crianças violentas são mais propensas a gostarem de jogos agressivos.
Isso de modo algum exclui a influência em crianças. Não é de se espantar que os games possuem classificação etária. Justamente por isso, os pais devem moderar o acesso dos filhos a este tipo de conteúdo. Na verdade, não só a ele, afinal, a exposição de crianças à violência não é uma exclusividade dos games. Lembremos que nas versões originais de muitos contos de fada contados para crianças o final não é tão feliz quanto parece.
Por exemplo, na versão clássica de Cinderela, a sua irmã mais velha corta parte do pé para caber no sapatinho de cristal. Sem contar que há versões de Chapeuzinho Vermelho em que ela é devorada pelo lobo sem chances de ser salva por um caçador.
Como os pais/responsáveis podem moderar a imersão dos filhos nos jogos violentos?
Mas, então, o que os pais/responsáveis podem fazer para não permitirem que os filhos recebam a influência da violência e agressividade dos games?
A começar, os pais podem controlar o acesso aos jogos a partir da classificação etária presente em cada jogo. Assim, as crianças só entrarão em contato com aquilo que é próprio para a idade delas. Aliás, a substituição de um game violento por outro não-violento será sempre a melhor solução.
Ficar atento ao tempo de imersão nos games também é uma forma de proteger os pequenos. Passar um grande tempo atrás das telinhas pode fazer com que as crianças não tenham um senso de diferenciação entre o mundo virtual e o mundo real.
Por isso, controlar o tempo de uso do videogame pode trazer (mesmo que indiretamente) mais discernimento à criança das fronteiras entre estes dois mundos.